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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Eterna criança à moda antiga


Ainda sou nova, é fato dizer, estou indo para o terceiro ano agora, mas, já faz muito tempo que não sei exatamente o que é uma brincadeira de crianças... Sou apenas mais uma adolescente correndo contra o tempo para descobrir o que fazer da minha vida. Quando era pequena queria ser multifuncional, ao mesmo tempo que queria ser médica, queria trabalhar com moda e com livros... Mas agora? No último ano do ensino médio, a última etapa para a faculdade precisa ser vencida, e assim, sou obrigada cada vez mais a deixar minhas amadas brincadeiras de crianças fora do meu plano presente. 
Porém, ao mesmo tempo, dou graças aos céus que cresci... De uma forma desajeitada, mas cresci... Não posso dizer que aceito e apoio a ideia de viver como um adulto, trabalhar como um, e especialmente criar um para habitar esse corpo desajeito e gordo que possuo. A verdade é que muito triste fico. Imaginar o mundo cinza que um adulto normal tem, me deixa cada vez mais cabisbaixa. Pensar em largar meus brinquedos, meus desenhos animados, minhas corridas pelas fazendas dos parentes, e focar-me apenas em estudos, em trigonometria, biologia, história e geografia, literatura importante, vestibular e provas pesadas, faz meu corpo retesar ainda mais a ideia da idade passando rápido. 
Mas é como muitos dizem, o mundo sempre vai estar mudando, não importa o que você faça... Minha infância foi muito bem aproveitada, e minhas fases também... Minha mãe sempre disse que eu sou uma menina de fases, sou uma metamorfose ambulante, e eu prefiro assim... Brinquei muito, mas não brincar de ficar trancada em uma casa, apertando botõezinhos de manetes. Brinquei com outras crianças na rua, aprontei muito com minha família, assisti aos Teletubbies, Ursinhos Carinhosos, Hamtaro, Dragon Ball Z, Yu-Gi-Yo, Pokémon, e muitos outros desenhos e programas maravilhosos. 
Hoje, o mundo para as crianças está diferente, está perigoso, malvado. Elas não podem mais sair de casa porque correm riscos com tanta violência que o mundo tomou conhecimento. Essa é uma das razões pela qual não gostaria de ser criança dessa época. Criança não pode ficar trancafiada, faz mal para ela, tanto física como mentalmente.
Quero sim, continuar a ser criança, mas aquela criança da minha época, livre, onde as meninas brincavam de bonecas e jogavam bola com os meninos, e mesmo que o corpo e a responsabilidade ocupem o mundo adulto, quero levar a criança que ainda existe em mim para onde querem que eu participe. Sendo assim, talvez uma eterna criança que vive ao modo antigo, não permitiria que seu futuro adulto fosse cinza e sem-graça. Pelo contrário, seria um mundo colorido e animado, o que talvez torne essa vida de trabalho e responsabilidades absurdas mais suportável... 
Vou continuar com meus estudos, afinal, preciso seguir minha vida em frente, mas aquela menina de cabelos loiros e anelados, que brincava com seu aparelho de chá e assistia Hamtaro. Pois então, eu quero ser uma eterna criança que vive à moda antiga, uma verdadeira eterna criança. Porque com a felicidade que rege o coração infantil, conseguimos mais paciência e tranquilidade para agirmos de forma correta. Com a inocência de uma criança, o mundo nos parece ao mesmo tempo que mais tranquilos, mais cuidados  sobre a visão do mundo... 
Assim, essa eterna criança à moda antiga reza e luta para que seus objetivos sejam alcançados sem perder a esperança e a inocência da minha infância, e quem sabe se todos fizessem dessa forma, o mundo seria realmente mais suportável e agradável, sem violência e arrogância? 
É. É isso mesmo. Vou crescer. Vou me tornar um adulto. Mas um adulto alegre, que vive no mundo colorido de uma agradável infância. Vou ser meu próprio sustento e o sustento de meus descendentes. Mas também vou ser a companheira de brincadeiras deles. Vou envelhecer brevemente, mas minha idade vai ser esquecida ao passo que me lembra de minha própria criança. Afinal, para o mundo e para Deus, crianças são eternas e livres de pecado e cheias de inocência e sabedoria. E quando a morte vier me abraçar, irei com prazer, afinal, terei vivido com todas as minhas forças minha real pessoa, minha real afinidade para com o mundo. E mesmo quando for para o outro plano, irei totalmente feliz, porque não há nada que tenha capacidade de acabar com a felicidade de uma criança realizada...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Desabafos e (descargas) desencantos da consciência...

Depois de tanto tempo, senti falta de escrever no meu Querido Diário...


Com certeza na vida já levamos muitos nãos, muitos "foda-se", muitas palavras duras cuspidas em seu rosto, como se tais fossem modificar algo que você projeta há tanto tempo... Bem, muitas vezes, isso ocorre com muitas pessoas, elas se escondem, sofrem em silêncio, mudam seus comportamentos, e acabam infelizes, algumas ainda tentando levar consigo quem resiste para o buraco frio, obscuro, solitário...
Conheço pessoas que sofrem com isso, que têm gostos diferentes como eu, que gostam da forma como me visto,  mas têm medo de se destacarem entre a multidão maquinal que presenciamos, e acho que em várias cidades do Brasil e do mundo.
Por que as pessoas sentem esse medo? Por que é tão difícil para elas seguirem sua própria forma de vida sem que os outros imponham regras absurdas e rigorosas em sua maneira de enxergar o mundo?
Focando apenas em estilo, em roupas, lembro-me de alguns fatos que estudei a um tempo atrás, que em épocas monárquicas, as pessoas que eram  pegas vestidas com roupas mais bonitas que as da família real corriam risco de serem presas, mortas ou humilhadas em praça pública a mando de uma rainha ou rei invejosos... Mas e hoje? Não conquistamos nossa querida liberdade de expressão, nosso livre-arbítrio? Então temos o direito de nos vestir da maneira que quisermos, não? Errado; hoje as pessoas precisam se vestir de forma padronizada para não sofrer com o preconceito estereotipado de que tudo que é diferente é mal, é demoníaco, e tudo mais...
Se tal preconceito ficasse apenas em zombar ou se afastar, garanto que muitas pessoas ainda insistiriam em continuar usando as roupas que mais gostam... Porém, a humilhação chega a um ponto tão crítico que a força bruta é utilizada para intimidar as pessoas, para machucar não só a alma e o coração, já tão debilitados e doloridos de palavras cruéis, mas também o físico aparentemente "inabalável" de muitos...
Por qual motivo fazem isso? Isso realmente é uma pergunta muito difícil com muitas respostas, mas as prováveis são: "porque eles sentem inveja de sua coragem e sua capacidade de se destacar entre a multidão"  ou "eles realmente acreditam que ser diferente é ser demoníaco, é fazer um pacto com Lúcifer, etc..." e se apegam tanto a isso que esquecem o lado humano de ser, esquecem que gosto é igual a c*, cada um tem um e usa da forma que bem entender sem dar satisfações a ninguém...
E o que mais dói, de verdade, não é ser humilhado, e sim ver que as crianças estão seguindo o mesmo caminho dos mais velhos, "esculachando", humilhando também os colegas de escola, os amigos da rua quando eles não seguem os mesmo hábitos que os seus... Quando vocês, sociedade, vão parar de desgraçar a vida de todo mundo? Quando vão perceber que não podemos ser iguais, não podemos ser estereotipados, não podemos simplesmente virar um clone perfeitinho vindo de fábrica, onde você configura tudo o que quer que ele tenha! E o que eu mais fico impressionada é ver que isso é considerado normal, enquanto ser você mesmo é ser esquisito, é pedir para ser debochado, e etc...
Sinceramente, quando é que vamos poder viver da forma que bem entendemos? Vocês não precisam ter medo de nós, não somos animais, somos seres humanos, e apesar de usarmos roupas diferentes ou sermos diferentes, temos sentimentos, queremos fazer amizades verdadeiras, e queremos que as pessoas entendam que isso(corpo e roupas) é uma casca, se somos esquisitos, na realidade você também é esquisito... Tome cuidado para não acabar mais esquisito que nós, queridos clones perfeitinhos do mundo.
Com carinho,
Panda